A coordenadora do bloco ‘As Abaladas’, Simone Souza, denunciou que não recebeu recursos provenientes da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esportes (Funcaju), cujo repasse é feito para a Liga de Blocos e Escolas de Samba de Sergipe. Ela diz que foi avisada da exclusão da lista de blocos beneficiados apenas na última quinta-feira, 4.
Ela acusa os diretores da Liga de agirem em represália pela ausência do bloco na manifestação realizada em janeiro, quando um cortejo no centro da capital cobrou apoio do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal. “Nós nem participamos desse protesto e nem assinamos o abaixo-assinado que eles fizeram. Mas nós tínhamos o direito de não participar”, disse.
A relação entre o bloco e a Liga, entretanto, está desgastada desde o ano passado. “Tentei por diversas vezes entrar em contato com os três integrantes da direção, mas eles nunca me atendiam. Só quando eu liguei com um número diferente, passando por outra pessoa, é que consegui conversar”, conta Simone.
Este ano seria o segundo em que o bloco ‘As Abaladas’ sairia nas ruas com o apoio do Poder Público. “Nós fomos chamados pelo próprio prefeito para participar dos desfiles e depois a própria liga nos convidou a fazer parte do grupo”, acrescenta.
Os prejuízos, entretanto, não ameaçaram o desfile do bloco pelas ruas do bairro Castelo Branco, previsto para este sábado, 13. Mas Simone conta que a correria aumentou. “Estou indo atrás de diversas pessoas para pedir apoio. Já tive até que cancelar os abadás, que estavam sendo finalizados”, comenta. Em 2009, o repasse foi de R$ 2.400,00. Foi possível que 150 pessoas participassem da festa. Este ano o número de participantes caiu quase pela metade.
Participação
O presidente da Liga de Blocos e Escolas de Samba de Sergipe, Pedro Raimundo, confirmou que não haverá repasse para o bloco ‘As Abaladas’. Apesar de não precisar o número, ele diz que outros blocos estão na mesma situação. Alguns porque desistiram dos desfiles, outros por não participarem de forma ativa das reuniões do grupo.
“Ocorre que quando estamos montando o projeto-geral dos desfiles, todo mundo aparece, mas nas reuniões realizadas ao longo do ano, quase ninguém se faz presente”, justificou. “Só cobram alguma coisa quando já estamos perto dos desfiles”, acrescentou.
Em um dos encontros, Pedro disse que foi dada uma orientação para que cada bloco também buscasse recursos, já que não havia garantia de patrocínio por parte da Prefeitura e do Governo. “Foi dada prioridade a quem deu prioridade”, enfatizou. “Tentamos ser o mais democráticos. Por isso organizamos as reuniões a cada mês e pedíamos que as pessoas participassem. Essa é uma decisão que não é só minha”, completou. Ele negou, ainda, que a decisão foi tomada em represália.
O presidente da Liga ainda reclamou das dificuldades em conseguir apoio dos governantes para os desfiles. A avenida Barão de Maruim não foi liberada pela Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT). “Era lá que as antigas agremiações desfilavam no carnaval e queríamos fazer esse resgate. São onze meses de trabalho que ficam emperrados”, criticou. As escolas de samba sergipanas farão o cortejo na Orlinha do Bairro Industrial no sábado, 13.