“A primeira irregularidade da Torre é que a empresa possui um CNPJ de Construção Civil e de Limpeza Urbana, mas não tem o código da Comissão Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) para construção de estradas”, informou Albérico , explicando que o CNAE é o instrumento de padronização nacional dos códigos de atividade econômica.
Condições de trabalho
Durante uma das fiscalizações feita pelos membros do Sintepav às construções da cidade de Capela, foram encontrados três trabalhadores dentro de uma vala sem qualquer segurança. “Os trabalhadores estavam dentro de uma vala de mais de dois metros sem, equipamentos e com um risco enorme de ter dois postes caindo sobre as suas cabeças, porque não tinha nada escorando as laterais da vala”, alertou Alexandre.
Em outra visita a construção no povoado Miranda, ainda em Capela, que teve a companhia da equipe do Portal Infonet, foi constatada a ausência de equipamentos básicos de segurança de trabalho. “Muitos estão sem botas, sem luvas e sem um fardamento completo, que seriam equipamentos mínimos cedidos pela empresa”, comentou Alexandre.
Já Edvaldo Oliveira, que teve folga apenas no período natalino, informou que o desconto de 100% no valor das horas-extras não é registrado no contracheque. “Nós recebemos o contracheque com o valor do salário, mas as horas-extras são pagas por fora”, denuncia o trabalhador, acrescentando que só receberam um fardamento para cada trabalhador e que como o serviço é com terra eles necessitam usar suas roupas para trabalhar. “Quando reclamamos foi dito que era melhor uma farda que nenhuma. Fazer o que, não é?”.
Ainda segundo alguns trabalhadores que não quiseram se identificar, muitos são obrigados manhã e só paramos sete horas da noite, porque começou a chover. Caso contrário, tínhamos ficado até mais tarde”, relatou A.S.C
Trabalho escravo
Alexandre também informou que durante as primeiras fiscalizações realizadas, o sindicato constatou que algumas pessoas estavam trabalhando sem carteira assinada. “Existem aqui empreiteiras contratadas pela Torre, que não assinou a carteira dos funcionários e isso é exploração. Essa empresa está precarizando [sic] a mão-de-obra. Existem pessoas que não recebem salários desde o dia 24 de dezembro. Isso é um completo absurdo”, falou indignado.
O mestre de obras, responsável pelo canteiro, identificado como Sérgio Chamusca, informou que os equipamentos de segurança já haviam sido solicitados e que todos os problemas estavam sendo resolvidos. No entanto, quando questionado acerca dos riscos que os trabalhadores estavam expostos, Sérgio informou que iria tentar agendar com os responsáveis pela empresa, e que entraria em contato com a equipe do Portal Infonet.“Quem responde pela obra não sou eu, nós só trabalhamos para a Torre como qualquer outro funcionário, vou entrar em contato com eles e pedir que eles entrem em contato com vocês”, informou ele, na última sexta-feira, 05.
Segundo Alexandre Delmondes, diversas tentativas de conversa com a empresa foram feitas sem sucesso e desde o início das fiscalizações. “A empresa já foi notificada pela SRT [Superintendência Regional do Trabalho], por duas vezes, mas a advogada não compareceu”, comenta.