Déda ressalta diminuição da violência do estado

Em entrevista ao Portal Infonet, ele fala das condições do Hospital João Alves, dos atestados dos médicos, das eleições, obras e muito mais


O governador de Sergipe Marcelo Déda(PT) recebeu a equipe do Portal Infonet em seu gabinete para uma entrevista. Mostrando confiança e vontade de trabalhar, Déda falou sobre sua saúde, a diminuição da violência no Estado, obras, crise no Hospital João Alves (Huse), coligação e eleições.

Portal Infonet - Podemos esperar um governador melhorado ou mudado depois de ter enfrentado problemas de saúde?
Marcelo Déda –
Eu acredito que vivi uma experiência que me levou a realizar uma profunda reflexão sobre a minha trajetória de vida - tanto pessoal, quanto pública. Eu espero em Deus que este sofrimento redunde em aprendizado e num acúmulo capaz de me fazer melhor como pessoa e como governante. Mas eu entendo que o sofrimento ajuda a realizar convicções. Ao fazer um balanço de sua vida e do seu drama, você acaba encontrando também valores pelos quais vale a pena lutar - e que você pretende lutar, manter e preservar. Este é o saldo da experiência pessoal que eu vivi.


Infonet – Além de lhe desejar melhoras de saúde, o maior questionamento dos internautas nos comentários em matérias que publicávamos a respeito do seu estado e recuperação era o porquê do senhor não ter se tratado em Sergipe. O governador não confiava na Saúde do seu Estado?
MD-
Primeiro, eu estava em São Paulo quando descobri o nódulo e não voltei a Sergipe já que a recomendação era fazer a cirurgia de imediato. Já a segunda cirurgia foi decorrente da primeira. Eu estava em Aracaju e fui ao Hospital São Lucas, mas a recomendação do próprio cirurgião local, Antônio Júnior, é que eu voltasse para que a mesma equipe que fez a primeira cirurgia, fizesse a segunda. Por tanto, eu diria que não foi uma opção. Em 24 horas, depois de descoberto o nódulo, eu já estava na mesa de cirurgia. Eu, aliás, tive poucas opções a fazer diante de um anúncio tão grave de que eu teria um nódulo e que este poderia ser benigno ou não.

Infonet – Existiu uma grande repercussão da entrevista que o senhor deu na imprensa nacional de que teria revelado que ficou entre a vida e a morte. Isto é verdade?


MD-
O UOL fez uma entrevista gravada, mas as pessoas apressadamente preferem ler o resumo do que assistir ao vídeo. O que disse ao repórter foi o mesmo que digo em todas as entrevistas: que temi pela minha vida, tive medo da morte, tive momentos de tristezas e depressão - o que é natural para todos nós que somos seres humanos e que passam pelo que passei. Mas do ponto de vista concreto, estas sensações refletiram mais do meu estado psicológico, do que meu estado de saúde efetiva. Não houve nenhuma novidade na entrevista do UOL com relação a tudo o que todos já sabem em Sergipe. Eu recomendo que as pessoas assistam aos vídeos. Eu graças a Deus não tive nenhuma conseqüência ou indicação da pós-cirurgia, de que eu era portador de uma doença crônica ou terminal. O que houve foi uma complicação no processo pós-cirúrgico e foi necessária uma segunda cirurgia.

Infonet – Falando um pouco de Saúde, podemos dizer que os hospitais municipais ficando prontos serão resolvidos 50% dos problemas da Saúde do Estado?
MD-
É difícil estabelecer um percentual. O que nós queremos completamente é um Sistema Hospitalar digno deste nome. Quer dizer, uma organização e uma logística que vai permitir que tenhamos um sistema de filtragem que vai reduzir a demanda do nosso principal Hospital Geral, que é o Hospital João Alves Filho. Os hospitais regionais irão aumentar sua resolutividade. E nós teremos um sistema montado que vai resolvendo os casos de acordo com a capacidade de cada Unidade de Saúde e o Huse receberá apenas aqueles casos que necessitam vir a capital. Nós daremos um choque de organização, de competência e de administração na rede Hospitalar Sergipana. E isto demandou investimentos da ordem de R$ 300milhões.

Infonet – O Huse recebe diariamente diversas pessoas de outros Estados vizinhos procurando atendimento que não encontram em suas cidades. O Estado tem como receber recursos financeiros por este atendimento?
MD-
Este é um drama pouco conhecido pela população. Quando eu era prefeito de Aracaju houve uma discussão sobre o funcionamento do Huse e alguns atribuíram à demanda de Aracaju as pessoas que o procuravam como ambulatório e que deixavam de ser atendidas na Rede de Atenção Básica do município. Nós fizemos uma pesquisa com dados do Ministério da Saúde e ficamos surpresos ao saber que a segunda maior demanda de serviços do Huse é de municípios baianos. O Sistema de Saúde Brasileiro é único e universal - nenhum cidadão pode ser rejeitado por que não é sergipano. Seria um ato desumano, além de ilegal. Então, este é um problema que não podemos resolver. O jeito é esperar que se melhore a assistência hospitalar desses estados ou esperar o dia que tenhamos o cartão do SUS implantado no Brasil inteiro. Assim, um cidadão de outro local ao vir para Sergipe será atendido, mas o Estado que ele está cadastrado pagará a Sergipe o atendimento feito. Equilibrando, portanto, financeiramente o processo de atendimento do SUS em nosso Estado. Outro dado importante que deve ser lembrado é que a melhoria das estradas do nosso Estado tem facilitado também a escolha pelo atendimento de Sergipe. É uma situação que causa problemas, mas não há uma solução mágica.

Confira o governador falando sobre a Segurança Pública no Estado.

Infonet- Quais serão os principais focos de trabalho para este ano?
MD- Iremos dar prosseguimento aos investimentos que estão em andamento e entregar uma série de obras que estão em sua fase conclusiva. Obras em todos os cantos e campos - obras na Infraestrutura rodoviária, na Saúde, na Educação, na área de esportes, área do desenvolvimento econômico e social, na além de serviços e investimentos novos que lançamos nestes três ano. Então, é consolidar o que já está feito, concluir o que está em andamento e lançar um novo pacote de obras e serviços neste ano. Uma série de novos projetos que será lançada em 2010 com o foco nas políticas social, saúde, educação, assistência e segurança pública, infraestrutura rodoviária, turística e econômica.

Infonet – Teremos alguma obra que será o marco da sua administração?
MD- Eu creio que temos obras que podem merecer este nome de marco, a exemplo das as duas pontes (Joel Silveira e a que iremos construir entre estância e Indiaroba). São obras grandiosas e de extrema utilidade, cujo impacto terá um reflexo direto sobre o turismo e economia sergipana. Temos as obras de recuperação viária da Rota do Sertão e Lourival Batista, as Clínicas de Saúde da família e também temos obras na UFS de Lagarto - que eu considero uma obra que vai revolucionar o interior sergipano, em especial o Centro Sul. Nós iremos ver uma democratização de oportunidades. Iremos assistir cenas fruto do sonho de um velho militante socialista, a exemplo dos filhos dos trabalhadores rurais ou de pequenos proprietários tendo acesso a cursos de Medicina e Odontologia no seu próprio interior, ou a poucos minutos de sua casa. É algo extraordinário do ponto de vista do horizonte de oportunidades que se abrem para os jovens do interior. Além de tudo, teremos médicos com mais disposição para morar no interior ajudando a uma demanda grande que temos de profissionais da área médica - um dos objetivos destes investimentos. É preciso compreender o conceito que nós temos de obras. Tem gente que vê a obra como um fetiche: cimento, bloco, ferro, cau, areia. Obras que muitas vezes atendem mais ao ego do governante - para dizer que fez uma grande pirâmide que será admirada ao longo do tempo - do que mesmo aos cidadãos que financiam por meio de seus impostos estas obras. Eu tenho muita satisfação em dizer que ao longo destes três anos fizemos obras portentosas, obras de grande visibilidade, mas realizamos obras cuja dimensão se dá mais pelo impacto que ela vai ter na vida das pessoas comuns, na vida dos cidadãos sergipanos. Quando o governo investe R$300 milhões na Saúde ele está erguendo um monumento na vida cotidiana das pessoas, quando você constrói dois novos hospitais e reforma mais 12. Temos agora 14 hospitais em ampliação, construção ou recuperação no estado de Sergipe. Aí você lembra que no governo passado 10 hospitais fecharam e você vê a dimensão da obra em Saúde que estamos buscando fazer. A maior obra do meu governo é garantir o futuro mais digno para o sergipano e elevar a auto-estima do nosso povo, colocando Sergipe em uma posição de destaque no cenário nacional, fazendo com que o povo brasileiro admire nosso povo e cidade.

Governador Fala sobre o Huse, interdição e atestado dos médicos...

Infonet – O Conselho Político se reuniu esta semana e o senhor informou que tem compromisso com o deputado federal Jackson Barreto e o senador Valadares. E o grupo político de Eduardo Amorim entra como na sua base aliada?
MD- Na reunião do conselho político deflagramos o processo para escolher a chapa majoritária. A coligação que eu lidero tem neste momento três candidatos ao Senado Federal e nós precisamos afunilar para dois, que são as vagas que estarão em disputa. O que foi dito é que eu tenho um compromisso com o deputado federal Jackson Barreto e o senador Valadares, mas que respeito as três candidaturas que estão postas. E vou trabalhar para uma solução que contemple os três partidos, de modo que saiamos uma chapa capaz de contemplar todas as forças envolvidas e tenhamos uma coligação que permaneça unida e potencialize toda força que tem. E disse também que tenho convicção plena que uma coligação unida, com esta composição que temos hoje, é um reforço extraordinário não só para a candidatura do governador, mas uma coligação ampla e forte como esta também é uma garantia para os que disputam o Senado da República. É uma coligação fortíssima do ponto de vista político, do ponto de vista da representatividade eleitoral e da capacidade de mobilização do eleitorado para eleger também candidatos proporcionais. Portanto, uma possível defecção da nossa coligação é ruim para a eleição do governador, mas quem sair também estará cometendo um suicídio político. Porque somos uma coligação fortíssima, liderada pelo governador do estado, que não tem medo para colocar o seu governo para julgamento do povo. Porque tem consciência do que está fazendo no Estado inteiro e vai pular sem para-quedas numa aventura que tem por referência uma proposta política que, ao invés de propor que Sergipe caminhe para frente, eferece a Sergipe quatro anos de retrocesso. O projeto de futuro ainda é o que eu lidero, porque está em plena ação, porque tem energia política e propostas e realização capazes de desenhar não apenas o presente, mas também de projetar o futuro. E o outro lado tem uma proposta de passado. O que se quer é voltar quatro anos atrás para se reeditar o estilo de governar de João Alves Filho, que já teve três oportunidades de mostrá-lo - e que fosse bom não teria sido derrotado há quatro anos. Temos toda a disposição para este enfrentamento. Quero comparar o governo passado com o presente, por que tenho convicção do que estamos fazendo e dos resultados que estamos trazendo para o Estado.


Déda fala sobre o processo de cassação que ainda será julgada.

Infonet- De forma sucinta, além da base aliada o que o senhor pode pontuar como item forte de sua campanha?
MD- O povo de Sergipe e a sua consciência.